Era uma vez uma vila de pescadores na beira da praia, quase na divisa do Espírito Santo com a Bahia. Na década de 60, porém, o arraial foi soterrado pelas dunas que avançaram sem dó em função do desmatamento. A turma se mandou para as margens do rio que corta a região e a vida continuou pacata em Itaúnas.
Nos idos dos anos 80, a praia escondida por montes de areia fina e dourada foi descoberta pelos mochileiros e ainda hoje se mantém preservada. Graças à criação de um parque estadual em 1991, a natureza pouco mudou e continua a exibir manguezais, riachos, dunas gigantescas e trechos da Mata Atlântica. Já o astral... quanta diferença! Invadida por jovens no verão, o povoado de ruas de terra ganhou pousadinhas, bares rústicos e casas de forró onde a dança rola solta até o amanhecer.
Praia que dá nome à vila é acessível somente depois de enfrentar as dunas
O ritmo ditado por sanfonas, zabumbas e triângulos é tão contagiante na vila que Itaúnas é o cenário do Festival Nacional de Forró, que atrai os fãs do arrasta-pé no mês de julho. O som, como na alta temporada, começa por volta da meia-noite e só terminam quando o sol lança seus primeiros raios.
O resultado é praia vazia durante toda a manhã, afinal, é preciso estar descansado para encarar dunas, trilhas e estradas de chão para tomar um banho de mar. A praia que dá nome à vila fica a pouco mais de um quilômetro, mas exige escalar um monte de areia que ultrapassa os 20 metros de altura e 300 de extensão.
Já a selvagem Riacho Doce, uma das mais bonitas da região, é acessada depois de dez quilômetros de caminhada ou de 17 quilômetros sacolejando dentro do carro. Bem mais adiante fica Costa Dourada, contornada por gigantescas falésias.
Quem está a pé pode optar pelos passeios de bugue, bicicleta, canoa e à cavalo que descortinam paisagens intocadas. A rusticidade de Itaúnas é garantida não somente pela proteção do parque, mas também por seu acesso precário. A partir de Conceição da Barra, cidade da qual a vila é distrito, são 27 quilômetros de estada de terra.