Em pleno deserto, pousa o traço do arquiteto e a profecia do santo torna-se realidade. A terra vermelha encontra o mais límpido azul. Vista do alto, parece um avião, com as asas abertas. Nesta enorme maquete habitada, as decisões da nação correm velozes em grandes avenidas, em suntuosos templos e igrejas, em construções futuristas e, ao mesmo tempo, a velocidade encontra a calmaria de grandes parques urbanos.
Brasília é a reinvenção da rosa dos ventos idealizada por dois gênios: Lúcio Costa e Oscar Niemeyer. Em 1955, o candidato à Presidência da República, Juscelino Kubitschek, lançou o slogan da campanha: "50 anos em 5". Nascia, a meta de criar uma cidade para ser a capital do país. Para isso, foi organizado um concurso, que iria eleger o plano-piloto da nova capital. Em 1960, é inaugurado o arrojado projeto urbanístico de Lúcio Costa, arquiteto eleito com base na promessa política de JK, com construções assinadas por Oscar Niemeyer.
Memorial JK abriga exposição de fotos sobre a construção da Capital Federal
Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade desde 1987, Brasília atrai turistas de todos os cantos do mundo. A impressão de ser apenas um cenário político do país é desmistificada pela quantidade de atrativos e programas interessantes, para místicos, turistas de primeira viagem ou amantes da cultura.
Berço da inspiração de artistas como Renato Russo, Cássia Eller e Zélia Duncan, a capital conta com atrativos arquitetônicos de design inovador. Na Esplanada dos Ministérios, a Catedral Metropolitana, construída em 1967 por Niemeyer, possui obras de Di Cavalcanti e um espetáculo conduzido pelos vitrais coloridos, que proporcionam intensa iluminação natural.
Um imenso céu estrelado: este é o resultado de gigantescos vitrais com várias tonalidades de azul, entremeados por pontos claros, que mudam conforme a luz do sol, nos arcos de 18 metros de altura, no Santuário de Dom Bosco. Para quem não sabe, este santo visionário previu, em 1883, que entre os paralelos 15 e 20, no centro do país, nasceria uma nova civilização.
As largas avenidas, sem esquina, abrigam museus de enorme importância cultural para o país. No no Museu de Valores do Banco Central estão 125 mil peças entre células e moedas nacionais e estrangeiras, além de uma exposição sobre a extração do ouro com a maior pepita (62 kg) encontrada no Brasil, em Serra Pelada. O espaço também abriga a maior coleção mundial das obras de Portinari.
Por aqui, esqueça de procurar montanhas, elas simplesmente não existem. Você ficará impressionado quando visitar a Torre de Televisão e enxergar o infinito em 360º. Responsável pela irradiação de som e imagens para as emissoras de rádio e TV, este projeto, do Lúcio Costa, tem 224 m de altura. Faça uma visita na hora do pôr do sol. No mesmo lugar, no Mezanino, está o Museu das Gemas, com centenas de pedras preciosas.
A capital do novo milênio esconde lugares muito interessantes. Um deles é o Catetinho, a primeira construção de Brasília (1957), ex-casa de JK, que permanece intocável com móveis e objetos da época. Uma das maiores obras de arte da cidade é o Teatro Nacional Cláudio Santoro, que sempre apresenta exposições fabulosas, além das três salas de espetáculos. Este projeto de Oscar Niemeyer é uma pirâmide irregular impressionante.
Imperdível também é o Parque da Cidade, com quatro milhões de metros quadrados, quadras de esportes, kartódromo, lago com pedalinhos, piscina de ondas, hípica, ciclovia, pista de skate e muito mais, tudo assinado pelo paisagismo de Burle Marx.
Vista de cima, o formato da capital muitas vezes lembra uma cruz. Envolta em uma áurea mística e energética, pela posição geográfica e design espacial, a capital atrai místicos e religiosos de todas as crenças. O maior sincretismo religioso está no Vale do Amanhecer, uma comunidade mística, fundada pela Tia Neiva, que realiza, diariamente, rituais e cultos. No centro da comunidade, uma praça com uma enorme estrela de David de concreto, acompanhado de uma pirâmide e de um gigantesco Cristo é o local escolhido para as meditações.