A tradição da seresta em Conservatória (distrito de Valença) começou em 1938, quando um grupo de violeiros apaixonados saiu pela madrugada para cantar diante da janela de suas musas. A cantoria agradou não só às moças como a vila inteira - e dura até hoje. As serenatas embalam a cidadezinha nas noites de sexta e sábado e nas manhãs de sábado e domingo, quando músicos e turistas saem pelas ruas emolduradas por prédios coloniais entoando cantigas de amor e recitando poemas.
Museus reúnem objetos e lembranças de grande nomes da música
A turma vai parando de porta em porta para cantar as músicas preferidas dos moradores - em Conservatória, as casas são identificadas não com placas numéricas, mas com o nome da canção preferida dos proprietários. O evento acontece o ano todo, mas duas datas são especiais - o último sábado de maio, quando se comemora o Dia do Seresteiro; e o último sábado de agosto, quando acontece o Encontro de Seresteiros, com artistas de diversas partes do Brasil.
Durante o dia, um dos programas preferidos dos turistas é passear de charrete para apreciar as construções, como a estação de trem de 1883, a Igreja Matriz de Santo Antônio e os espaços culturais dedicados à música. O Museu Vicente Celestino reúne fotos, discos e objetos pessoais do cantor e também de sua mulher, a cantora lírica, cineasta e escritora Gilda de Abreu. Já no Museu Sílvio Caldas, Gilberto Alves, Nelson Gonçalves e Guilherme de Brito, as fotos, os discos e objetos pessoais dos artistas contam um pouquinho da carreira de cada um.
As atrações de Conservatória, porém, não se restringem ao tema seresta. No Cine Centímetro, a sessão única de sábado é concorrida e leva à tela musicais americanos dos anos 50 e 60. O espaço, montado no quintal da casa de um apaixonado pela Sétima Arte, é uma réplica reduzida do antigo Cine Metro Tijuca, inaugurado no Rio de Janeiro em 1941 e demolido em 1977. Aberto a visitação, o charme fica por conta dos objetos originais do antigo cinema, como móveis, pedaços de tapete, lustres, bilheteria e projetores.
As fazendas de café da região também garantem a viagem ao passado. Algumas estão preservadas e são abertas à visitação. É o caso da Fazenda Florença, de 1852, que mantém o elegante mobiliário de época, além de piso de peroba rosa, porcelanas e cristais.
Antes de voltar para casa - e para o tempo real -, vale circular pelo comércio. Merece atenção o artesanato típico, à base de papel kraft. São vasos de flores, imagens de santos barrocos e estátuas de violeiros que mais parecem de madeira. Na feirinha da Praça Catarina Quaglia, que acontece todo sábado e domingo, o forte são os xales e chapéus de crochê, o doce de goiabada cascão e os licores caseiros.